quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

O ÓCIO DE DOMENICO DE MASI

O sociólogo italiano Domenico De Masi, propagador da polêmica teoria do ócio criativo, ocupou o centro de debates e entrevistas do programa Roda Viva da TV Cultura.

Autor de livros como Desenvolvimento sem trabalho, A emoção e a regra, O futuro do trabalho, e o mais conhecido O Ócio Criativo, De Masi é um dos pensadores mais contemporâneos da era pós-industrial. É dele a máxima de que quanto mais o homem trabalha, mais tempo precioso ele perde. Fã do Brasil, defende que o país tem todas as condições para desenvolver um capitalismo moderno e mais humano. 

Domenico De Masi é professor de Sociologia das Profissões na Universidade La Sapienza, de Roma, e diretor científico da S3.Studium, uma escola de especialização em ciências organizacionais. Nascido em Rotello, na província italiana de Campobasso, graduou-se em direito na Universidade de Perugia e se especializou em Sociologia do Trabalho, em Paris.








LINH DINH


Linh Dinh é um poeta americano de origem vietnamita, nascido em Saigon em 1963. Emigrou para os Estados Unidos aos 12 anos, em 1975, estabelecendo-se em Philadelphia. Estreou com a coletânea de poemas Drunkard Boxing (1998), seguido de uma coletânea de contos intitulada Fake House (2000). Publicou ainda os poemários Some Kind of Cheese Orgy (2009), Jam Alerts (2007), Borderless Bodies (2006),American Tatts (2005) e All Around What Empties Out (2003), além das coletâneas de contos Love Like Hate (2010) e Blood and Soap(2004).

Traduziu vários poetas vietnamitas para o inglês, como Tran Vang Sao (n. 1942) e Nguyễn Quốc Chánh (n. 1958), entre outros.

Alguns poemas de Linh Dihn (tradução de Luca Argel):


Uma Decisão Moral

Um homem encontrou-se naquela posição familiar de estar apaixonado por duas mulheres ao mesmo tempo. Ele estava casado com apenas uma delas e tomou a decisão moral de permanecer fiel à sua esposa. Ele também se condicionou a nunca pensar na segunda mulher, seja de forma erótica ou de qualquer outra forma. Ocasionalmente, porém, quando ele ficava um pouco bêbado, ou quando estava cansado demais, ele pensava que a solução ideal seria que a sua esposa sofresse uma morte rápida e violenta, para que ele pudesse consumar seu amor pela segunda mulher dentro de um contexto matrimonial, e sem que isso seja imoral em nenhum aspecto.



SUSANN PROBST NO PRETO E BRANCO






Uma sensação aparece quando se vê o portfólio da fotógrafa alemã Susann Probst. Suas imagens preto e branco são soturnas e estão à ponto de um acontecimento.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

AS CARTAS ENTRE KEROUAC E GINSBERG


Jack Kerouac e Allen Ginsberg foram ami­gos durante 25 anos. E essa ami­zade teve refle­xos deci­si­vos na obra dos dois escri­to­res, além do pró­prio movi­mento beat. As car­tas tro­ca­das entre esses dois ícones é publi­cada em livro no Brasil em edi­ção da L&PM.

Organizada pelos edi­to­res Bill Morgan e David Stanford, a troca de cor­res­pon­dên­cias come­çou em 1944, quando ambos eram bem jovens e foi até 1969, pouco antes da morte de Kerouac, aos 47 anos. As car­tas tra­zem rela­tos de fes­tas, via­gens, escri­tos, assun­tos banais, iso­la­men­tos, entre outros temas.

Para quem gosta da lite­ra­tura beat, Jack Kerouac e Allen Ginsberg: As Cartas é um livro ideal para entrar na mente dos dois mais impor­tan­tes auto­res do movi­mento — e da lite­ra­tura ame­ri­cana do século pas­sado. A edi­ção bra­si­leira teve tra­du­ção de Eduardo Pinheiro de Souza.
Um trecho:

Passei estes dois dias intei­ros arqui­vando car­tas velhas, retirando-as de velhos enve­lo­pes, jun­tando as pági­nas com cli­pes, colocando-as de lado… cen­te­nas de velhas car­tas do Allen, do Burroughs, do Cassady, que pode­riam fazer você cho­rar com os entu­si­as­mos dos jovens… como nos tor­na­mos lúgu­bres. E a fama mata tudo. Um dia, “As car­tas de Allen Ginsberg para Jack Kerouac” vão fazer a América cho­rar. - Jack Kerouac, numa carta para Lawrence Ferlinghetti, 25 de maio de 1961.


[via O Grito]

sábado, 26 de janeiro de 2013

O CÉU, O SOL, O SEU


A série de retratos dirigidos por George Belfield para a música do Richard Hawley resulta em um vídeo calmo e meditativo.



JAN WILLEM VAN WELZENIS




Pinturas de Jan Willem van Welzenis.

MAJESTIC



Se você pensa muito para tentar descrever o que é o Majestic, eles mesmos descrevem rapidamente pra você: Experience music in a new way. E é verdade que mais simples e direto que isso é certeiro na informação.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

ONE WAY TRIGGER - MÚSICA NOVA DOS STROKES


O Strokes divulgou a primeira música de seu aguardado novo disco, ainda sem nome ou data de lançamento definida. Confira "One Way Trigger" no player abaixo:



Especulações em 2012 já adiantavam que a banda estaria trabalhando novamente com o produtor Gus Oberg neste seu quinto álbum. Oberg produziu algumas faixas do disco passado, Angles, o quarto disco do Strokes, de 2011, e também o álbum do guitarrista Albert Hammond Jr., Como Te Llama?, de 2008.

FEIST - CICADAS AND GULLS



Lindo vídeo da Feist para a música Cicadas and Gulls.
Filmado por Keith Megna, com Mountain Man e Turf Feinz: Garion "NoNoize" Morgan and Rayshawn "Looney" Thompson na performance.

MOONRISE KINGDOM SCRIPT


Enquanto Wes Anderson está preparando seu novo projeto (que vai sair lá pra 2014), a Focus Features ainda está trabalhando no espetacular filme de 2012 o Moonrise Kingdom. Como a temporada de premiações bombando nos EUA, A Focus lançou o site Moonrise Kingdom Script com todo o roteiro anotado e outros extras feitos pelo Wes e sua equipe, para, quem sabe, aumentar suas chances para o prêmio de Melhor Roteiro Original. 













JULIO CORTÁZAR EM DOIS MINUTOS


Biografia de Julio Cortázar em pouco mais de 2 minutos.
Originalmente exibida no canal de Tv argentino Encuentro.

OS LIVROS DE HENRIK







Trabalho do ilustrador sueco Henrik Franklin. Mais no seu site.




quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

IF I FELL - BEATLES



If I fell in love with you
Would you promise to be true
And help me
Understand
'Cause I've been in love before
And I found that love was more
Than just
Holding hands

If I give my heart
To you
I must be sure
From the very start
That you
Would love me more than her

If I trust in you
Oh please
Don't run and hide
If I love you too
Oh please
Don't hurt my pride like her

'Cause I couldn't stand the pain
And I
Would be sad
If our new love was in vain

So I hope you see
That I
Would love to love you
And that she
Will cry
When she learns we are two

'Cause I couldn't stand the pain
And I
Would be sad
If our new love was in vain

So I hope you see
That I
Would love to love you
And that she will cry
When she learns we are two

If I fell in love with you...

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

FEBRE DO RATO - FILME COMPLETO



Febre do Rato é uma expressão popular típica da cidade do Recife que designa alguém quando está fora de controle, alguém que está danado. E é assim que Zizo, um poeta inconformado e de atitude anarquista, chama um pequeno tablóide que ele publica as próprias custas. Vivendo em um mundo particular, Zizo se depara com Eneida, uma jovem de aproximadamente 18 anos, que instiga e promove a transformação do poeta.

1Q84 - HARUKI MURAKAMI


Haruki Murakami - 1Q84 (Livro 1) - 432 páginas - Editora Objetiva, Selo Alfaguara - Tradução direta do japonês de Lica Hashimoto - Lançamento no Brasil 2012 (lançamento original no Japão em 2009). Ler aqui trecho em pdf disponibilizado pela editora.

Murakami acertou em cheio com esta trilogia 1Q84, um verdadeiro evento no mundo editorial, tendo já ultrapassado 4 milhões de exemplares vendidos no Japão, e um golpe de mestre de um dos maiores autores contemporâneos. O romance completo é extremamente ambicioso, tanto pela sua extensão de mil páginas quanto pela liberdade de estilo. Aqui no Brasil a decisão da editora foi respeitar o formato da publicação original japonesa em três volumes (o segundo volume será lançado em março de 2013 e o terceiro ainda está sendo traduzido, sem data prevista de lançamento), diferente da tradução americana da editora Knopf que lançou todos os volumes em um único calhamaço. Este "Livro 1" dispara em alta velocidade narrativa, ritmo cinematográfico mesmo, misturando literatura policial noir com muito suspense e ficção científica, como sempre repleto de referências culturais ocidentais e orientais, estratégia que Murakami sempre conduziu muito bem em todos os seus livros anteriores que o fazem um candidato permanente ao Nobel de literatura todos os anos.

Os dois protagonistas conquistam o leitor logo de início, tanto a misteriosa assassina de aluguel chamada Aomame (ervilha verde) quanto o professor de matemática e aspirante a escritor, Tengo, conduzem a trama em uma sequência de capítulos intercalados que avançam em paralelo e revelam aos poucos a relação dos dois que tem origem em uma antiga paixão infantil. Ambos vivem em Tóquio e têm por volta de trinta anos em 1984, ano em que se passa a parte principal da narrativa em uma referência ao famoso romance de George Orwel. Aomame e Tengo são igualmente solitários e resolvem o problema do sexo com relações sem amor, ela com homens que encontra em bares e ele mantendo um caso com uma mulher mais velha e casada. Separados desde crianças, o destino dos dois vai se aproximando à medida que o romance progride (o próprio Murakami resumiu absurdamente o motivo do livro com a seguinte frase: "um garoto encontra uma garota, eles se separam e buscam um ao outro").

Aomame ganha a vida como professora de artes marciais para mulheres se defenderem de ataques mas, nas horas vagas, presta serviços para uma estranha organização que protege mulheres agredidas sexualmente em seus lares por maridos cruéis (talvez uma crítica ao machismo da sociedade japonesa), providenciando a "eliminação" dos homens agressores. Aos poucos, através de imperceptíveis desvios da história, ela descobre que está vivendo em um mundo paralelo com duas luas que decide chamar de 1Q84, com a letra Q de "Question mark"; um quê de dúvida, de interrogação. A cultura japonesa da disciplina e autocontrole está sempre permeada pelos personagens, mesmo nas situações mais absurdas. Aomame, por exemplo, domina uma técnica singular para matar, perfurando uma agulha em um ponto preciso da nuca de suas vítimas e provocando a morte instantânea, sem evidência de sangue, o que caracteriza a morte como um ataque cardíaco.

Tengo também é extremamente disciplinado, domina a técnica de escritor, mas ainda não conseguiu escrever um romance original quando recebe uma proposta do editor de uma famosa revista literária para reescrever o romance "A crisálida de ar" de uma bela e enigmática jovem escritora de dezessete anos (disléxica) que, apesar de brilhante e original nas ideias, carece justamente de um texto organizado. Tengo se apaixona pelo livro e decide assumir a empreitada, ciente dos riscos para a sua futura carreira literária. Esta escritora é, na verdade, fugitiva de uma perigosa seita religiosa chamada Sakigake e a notoriedade trazida pelo romance será uma ameaça a todos


PUNK GONZALES



Um dia na vida do fotógrafo e skatista crazy Mark Gonzales.

sábado, 19 de janeiro de 2013

AS CELEBRIDADES DE DANNY EVANS



Dizem que não existem gente feia e sim gente pobre. O fotografo americano Danny Evans resolveu, com a ajuda do photoshop, brinca com a hipotética situação de como estariam hoje astros como Tom Cruise, Kristin Stewart, Madonna fossem pessoas comuns? Sem grana e tempo para investir em dietas, técnicas de rejuvenescimento e produtos de beleza.

RESUMO DO FILME


Se você não gosta de Blockbusters mas quer entender o que acontece no filme, então esse resumo é perfeito para captar toda a história.






quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

SPALDING GRAY, UMA HISTÓRIA DO TEATRO AMERICANO


Programa Alive From Off Center reprisa o monólogo em vídeo "A Personal History of the American Theatre" do ator e escritor Spalding Gray.

Gray se tornou conhecido pelos seus monólogos compostos por poucos objetos de cena, essencialmente uma mesa, uma cadeira e um copo dágua, seus espetáculos consistiam em relatos de sua vida nua e crua. Com boas histórias, carisma e um excelente domínio de palco e narrativa, alcançou sucesso de crítica e público. Seus monólogos foram registrados por cineastas como Jonathan Demme e Steve Soderbergh. Gray morreu em 2004, em circunstâncias que apontam para suicídio.

Em uma entrevista:

"O primeiro impulso para os meus monólogos é a vontade de contar o meu dia. Quando eu morava com Elisabeth LeCompte, que mais tarde viria a se tornar minha diretora no grupo The Wooster Group, eu voltava pra casa e ela me perguntava onde estava, o que tinha feito, e eu lhe enchia de histórias sobre o meu dia. Nós não tínhamos televisão, então éramos o público um do outro. Minhas histórias era obsessivas, compulsivas, eu contava meu dia como no confessionário como uma forma de me aliviar e de seguir em frente. Eu estava limpando e clareando a mente."

EDSON ODA, THE WRITER



Uma das características mais marcantes de Quentin Tarantino é que, mais do que um cineasta, ele é apaixonado por cinema. Cheio de referências, obscuras ou extremamente pop, generosamente compartilhadas em seus filmes, o criador de "Pulp Fiction" e "Bastardos inglórios" ganhou uma nova fonte de inspiração: o brasileiro Edson Oda. Natural de Mogi das Cruzes, no estado de São Paulo, o publicitário de 30 anos participou de um concurso relacionado ao novo longa de Tarantino, "Django Unchained", e produziu o curta "The writer", que derrotou quase 200 concorrentes do mundo inteiro (assista acima). Como prêmio, Oda arrumou as malas e rumou para Los Angeles para encontrar o diretor, assistir às primeiras cenas de sua próxima empreitada durante a Comic-Con, na semana passada, e, de quebra, visitar o set de filmagens.

POSITIVO, YOKO


Yoko Ono.

LEOS CARAX, MELHOR FILME ESTRANGEIRO



O controverso e surreal "Holy Motors", do francês Leos Carax, está longe de ser uma unanimidade entre o público, mesmo figurando em várias listas de melhores filmes de 2012, após fazer sucesso em Cannes. Pois no sábado passado, ele foi eleito o Melhor Filme de Língua Estrangeira do ano pela Associação de Críticos de Los Angeles. Carax não pôde participar da cerimônia, mas enviou um discurso para ser lido: 

"Olá, sou Leos Carax, diretor de filmes de língua estrangeira. Tenho feito filmes de língua estrangeira por toda a minha vida. Filmes de língua estrangeira são feitos por todo o mundo, é claro, menos na América. Na América, eles fazem apenas filmes de língua não-estrangeira. Filmes de língua estrangeira são muito difíceis de se fazer, óbvio, pois você precisa inventar uma língua estrangeira em vez de usar a linguagem usual. Mas, na verdade, o cinema é uma língua estrangeira, uma língua criada por aqueles que precisam viajar para outros lados da vida. Boa noite."

"Holy motors" ainda está em cartaz no Rio, em apenas uma sala.

[via O Globo]

domingo, 13 de janeiro de 2013

CARNAVÁLIA NO CRONÓPIOS


Saiu uma entrevista com o Gabriel Pardal no Cronópios onde ele falou sobre o processo de escrever o livro Carnavália. A entrevista foi feita pelo jornalista Daniel Corrêa, num bate papo que durou lá pra três horas e seis cafés (divido por dois). 


Por que Carnavália?

É a brincadeira com o nome. Carne aval. Carne navalha. Carne valia. E porque eu sou baiano e curto muito o carnaval. Já corri e ainda corro muito atrás do trio elétrico.


O livro foi publicado em 2011. Levou muito tempo escrevendo?
Sem contar aquela história dos dezesseis anos, eu comecei a escrever com uns vinte e dois anos e terminei a última versão, a que foi publicada, com vinte e sete. Então foram cinco anos mergulhado nesse tema, sem escrever nada mais que não fosse desse universo. Foi muito cansativo. Eu senti que o livro tinha terminado quando eu não conseguia pensar em mais nada sobre ele.


sábado, 12 de janeiro de 2013

ALICE DISSE


Ah, Seu Lewis Carrol, esse "livro infantil" fez crescer minha criança.

BAS JAN ADER


Em tom ora dramático ora cômico e desprovidas de contexto narrativo, as performances do artista holandês Bas Jan Ader evidenciam a noção de vulnerabilidade. Simples, misteriosas e implacáveis, as experiências às quais o artista se entrega parecem indagar o sentido da vida e da existência humanas. As circunstâncias de sua morte – desaparecido em 1975 no Oceano Atlântico ao tentar atravessá-lo com um veleiro para realizar In Search of the Miraculous [Em busca do milagroso] – contribuíram para a mística em torno dele, como um artista que levou às últimas consequências as indagações sobre o significado e a perenidade da vida.

Suas performances estão agora disponíveis no site Ubuweb

CAETANO VELOSO 70 ANOS


Caetano Veloso, nascido no dia 07 de agosto de 1942, em Santo Amaro da Purificação, na Bahia, gravou depoimentos em vídeo sobre sua vida e obra para um especial do seu site em comemoração aos seus 70 anos de vida. 


sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

NICANOR PARRA, O ANTIPOETA


O chileno Nicanor Parra, de 98 anos, "antipoeta" como ele mesmo se define é também físico e matemático. Seu livro mais famoso, Poemas e Antipoemas (1954), se tornou um clássico da literatura latino-americana. Ele foi vencedor do Prêmio Cervantes de Literatura 2011 e é considerado um dos maiores poetas chilenos, ao lado de Pablo Neruda, Gabriela Mistral e Vicente Huidobro. 

Segundo Carlos Nejar, no excelente artigo "Nicanor Parra e Vinicius de Moraes", publicado em edição bilingue pela Academia Brasileira de Letras e Academia Chilena de la Lengua (imperdível, sigam este link): "Nicanor Parra, rebelde, contrário ao sistema que impõe suas regras, às vezes estranho, fantástico, antissentimental, forjou seus antipoemas, ainda que 'com odor delicado de violetas', para expressar seu descontentamento com o rumo da literatura tradicional, operando com força desmistificadora. (...) o antipoema abriga a poesia ao avesso, poesia integralmente, sem rasuras, caminhando contra a maré das leis canônicas de uma criação estética bem comportada, em geral modulando a técnica do ritmo, sem o estuário das rimas (o que não quer dizer que não as use, episodicamente) que singularizam a lira tradicional." 



MULHERES
(Nicanor Parra) 

A mulher impossível,
a mulher de dois metros de estatura,
a senhora de mármore de Carrara
que não fuma nem bebe,
a mulher que não fica nua
por temor de engravidar
a vestal intocável
que não quer ser mãe de família,
a mulher que respira pela boca,
a mulher que caminha
virgem para a câmara nupcial
porém que reage como homem,
a que se desnudou por simpatia
por encantar-se com musica clássica,
a ruiva que ficou de bruços,
a que só se entrega por amor,
a donzela que enxerga com um só olho,
a que apenas se deixa possuir
no divã, à borda do abismo,
a que odeia os órgãos sexuais,
a que casa somente com um cão,
a mulher que se faz de adormecida
(o marido a ilumina com um fósforo),
a mulher que se entrega porque sim
porque a solidão, porque o esquecimento...
a que chegou moça à velhice,
a professora míope,
a secretária de óculos escuros,
a senhorita pálida de lentes
(ela não quer nada com o falo),
todas estas valkírias
todas estas matronas respeitáveis
com seus lábios maiores ou menores
terminarão tirando-me do juízo.


DEAR YOKO, JOHN LENNON (HOME VÍDEO)



Versão caseira do John Lennon para a música Dear Yoko, do disco Double Fantasy. Ele gravou em 11 de abril de 1980 em Cold Spring Harbor, Long Island. Com uma câmera parada, ele antecipou o que hoje é feito em demasia graças à webcam. Se você esquecer que foi gravado na década de 80, você pode até pensar que ele fez isso agora, no seu computador e postou em seu canal do youtube.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013