Passei a minha vida toda plagiando o Millôr. Desconfiava que ninguém nunca saberia, já que a quantidade de escritos produzidos pelo Guru era imensa. Chegou um momento em que dava raiva ler o Millôr. Texto após texto se tornava uma sucessão de ódio reprimido. Porque eu não pensei nisso antes? Porque eu não escrevi isso antes? Era um ódio colado no prazer de lê-lo. Por vício. O e-zine ORNITORRINCO foi criado pensando no Pasquim. Algumas vezes escrevi o editorial após buscar a inspiração nos cadernos do Guru. Millôr era uma locomotiva poética. O primeiro multi-artista brasileiro. Um homem que entendeu o país. A minha impressão era que tinha sido o Millôr o descobridor do Brasil. Chegou aqui antes de Pedro Álvares Cabral. Vivo desde lá, nunca morreria, é claro. Pois bem, 28 de março de 2012, o mundo está prestes a acabar, mas o Brasil já acabou. Obrigado, Millôr.
Nenhum comentário:
Postar um comentário